quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Doenças do arroz - Brusone

Brusone


Sintomas típicos de brusone

A brusone é a doença do arroz mais expressiva no Brasil, causando perdas significativas no rendimento das cultivares suscetíveis quando as condições de ambiente são favoráveis. A brusone ocorre em todo o território brasileiro, do Rio Grande do Sul ao Amazonas. Os prejuízos são variáveis, sendo maiores em arroz de terras altas. Em condições favoráveis à doença, na Região Centro-Oeste brasileira, as perdas podem chegar até 100%.
No Estado do Tocantins, que cultiva anualmente cerca de 70 mil hectares de arroz irrigado, embora não existam estimativas quantificadas, os prejuízos são significativos com a ocorrência da alta severidade da brusone nas folhas, devido à falta de água na fase vegetativa. Na Região Nordeste e nos Estados do Pará e Amazonas, a incidência da brusone é baixa e de menor importância que as outras doenças que ocorrem no arroz.

Sintomas

O agente causal da brusone, originalmente denominado Pyricularia oryzae, foi descrito como nova espécie por Cavara em 1891. A brusone ocorre desde o estádio de plântula até a fase de maturação da cultura. Os sintomas nas folhas iniciam-se com a formação de pequenas lesões necróticas, de coloração marrom, que evoluem, aumentando de tamanho, tornando-se elípticas, com margem marrom e centro cinza ou esbranquiçado. Em condições favoráveis, as lesões coalescem, causando morte das folhas e, muitas vezes, da planta inteira. Os sintomas nos nós e entre nós aparecem, geralmente, na fase de planta madura. A infecção no primeiro nó, abaixo da panícula, é referida como brusone do pescoço. Os sintomas observados nos entrenós são comuns somente nas cultivares suscetíveis de arroz de terras altas. A infecção na região dos nós é freqüentemente encontrada somente em cultivares suscetíveis de arroz irrigado.

Fatores que afetam a incidência da doença
No Brasil, a brusone é transmitida pela semente infectada, sendo esta uma das fontes primários de inóculo,. porém as sementes infectadas não provocam epidemia em condições de plantios bem conduzidos. Outra fonte de inóculo primário são os esporos do fungo que sobrevivem nos restos culturais, em lavouras de segundo e terceiro ano de plantio consecutivo. Os esporos, trazidos pelo vento, produzidos nas lavouras vizinhas ou distantes, plantadas mais cedo constitui-se também em fonte importante de inóculo primário. Todas as fases do ciclo da doença, desde a germinação dos esporos até o desenvolvimento de lesões são influenciados em grande parte pelos fatores climáticos. Os fatores climáticos mais importantes são o molhamento das folhas pelas chuvas ou pela deposição de orvalho.
A temperatura ideal para a o rápido desenvolvimento da brusone varia entre 20-25° C. O desenvolvimento da infecção é acelerado quando a umidade relativa do ar for superior à 93%. A maior susceptibilidade das folhas à brusone ocorre na fase vegetativa; O aumento da resistência é observado com a idade da planta a partir dos 55 a 60 dias, resultando na redução da severidade da brusone nas três folhas superiores. Durante o enchimento de grãos, a fase entre grão leitoso e pastoso (10 à 20 dias após a emissão das panículas) é a fase mais suscetível à brusone. A ocorrência de chuvas durante o enchimento de grãos também reduz a severidade da brusone nas panículas. Em geral, a incidência da brusone nas panículas é menor em campos irrigados por aspersão, do que naqueles sujeitos à deficiência hídrica. O desequilíbrio nutricional aumenta a severidade da brusone nas folhas e panículas, principalmente do nitrogênio em doses excessivas. Também a aplicação de N no sulco, na ocasião do plantio aumenta significativamente a severidade da brusone quando comparada com N parcelado.

Controle

Arroz de Terras Altas
Os danos causados pela brusone em arroz de terras altas podem ser reduzidos significativamente através de práticas culturais, uso de fungicidas no tratamento de sementes e aplicação na parte aérea e uso de cultivares moderadamente resistentes. Recomendam-se como medidas de controle as seguintes práticas culturais: bom preparo do solo, com aração profunda, o que reduz a severidade da brusone pela diminuição do efeito de estresse hídrico, uniformidade de plantio, utilização de sementes sadias, tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos para proteção na fase vegetativa, plantio no mês de outubro coincidindo com o início das chuvas, para evitar o inóculo primário. A adubação nitrogenada em cobertura deve ser evitada entre 30 a 50 dias após a germinação, para não aumentar a severidade da brusone na fase mais suscetível. Aconselha-se a cobertura nitrogenada, quando necessário, somente na fase de primórdio floral. Não se recomenda a pulverização com fungicidas na fase vegetativa. A planta é mais suscetível à brusone entre 30 e 60 dias após a semeadura.
Arroz irrigado
Em arroz irrigado, o controle adequado da brusone pode ser obtido com o uso de cultivares resistentes, ou moderadamente resistentes. Nas várzeas do Estado do Tocantins, para cultivares suscetíveis recomendada-se uma a duas pulverizações com fungicidas: a primeira no emborrachamento e outra na época de emissão das panículas, de forma integrada com práticas de manejo da cultura.
No Sul do País recomenda-se:
aplainamento e/ou sistematização do solo para facilitar a irrigação;
dimensionamento adequado dos sistemas de irrigação e drenagem;
bom preparo do solo;
adubação equilibrada;
uso de sementes de boa qualidade fisiológica e fitossanitária;
semeadura, entre 15 de outubro e 15 de novembro;
controle das plantas daninhas;
destruição de plantas voluntárias e doentes;
troca de cultivares semeadas a cada três ou quatro anos;
escalonamento da época de semeadura; e
semeadura com densidade entre 120 e 150 kg/ha e com espaçamento não muito reduzido (17 cm).

A adoção de práticas culturais, combinada com o uso de cultivares resistentes, reduz o uso de produtos químicos e, conseqüentemente, os danos ambientais e o custo de produção.

Imagem 1 - Sintomas típicos de brusone.
Imagem 2 - Sintomas de brusone das panículas.